Maria Madalena: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, das quais eu sou a principal.
16 Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna.
1 Timóteo 1:13-16 (ARA)
Lc 7.47 (ARA) Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquela a quem pouco se perdoa, pouco ama.
ela
#Lc 7.43; Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe: Julgaste bem.
Suponho.
#Lc 7.47; 1Co 15.9,10; 2Co 5.14,15; 1Tm 1.13-16
Julgaste.
#Lc.10.38; Sl 116.16-18; Mc 12.34
Mt 10.37;
– Lc 7.36-50 (material exclusivo) do Evangelho de Lucas.
6. A pecadora agradecida no banquete na casa do fariseu Simão – Lc 7.36-50 (material exclusivo)
Novamente começa a desenrolar-se um episódio acerca do “ano da graça do Senhor” (cf. Lc 4.19)
já iniciado. Lucas informa acerca dessa nova etapa.
Em seu “material exclusivo” ele oferece uma das narrativas mais comovente dos evangelhos. Grata, uma pecadora conhecida na cidade unge os pés do Senhor. Por delicadeza, o evangelista omite o nome da mal-afamada. Esse silêncio fez com que na igreja antiga se desenvolvesse uma interpretação extremamente confusa. Na revisão harmonista da história da unção nos evangelhos, a pecadora aqui mencionada foi identificada com Maria Madalena e até mesmo com Maria de Betânia, a irmã de Lázaro. A presente história do material exclusivo de Lucas possui inegáveis pontos de contato com a história da unção relatada em Mateus (Mt 26.6-13), Marcos (Mc 14.3-9) e João (Jo 12.3-8).
As semelhanças dos quatro relatos também geraram na igreja antiga lendas da mais ousada espécie. No entanto, não se trata de quatro, mas de duas histórias diferentes. Aquilo que Mateus, Marcos e João relatam é uma história que deve ser rigorosamente separada daquela que Lucas apresenta. Época e lugar são totalmente distintos nessas duas narrativas. A unção relatada pelos evangelistas, exceto por Lucas, refere-se à morte de Jesus. O que o presente evangelista informa ocorreu muito antes. Aquilo que é exposto no presente texto aconteceu em uma cidade da Galiléia. A outra unção foi dada ao Senhor em uma aldeia nas cercanias de Jerusalém. Em favor da diversidade de duas histórias de unção depõem os nomes dos anfitriões, Simão, o fariseu, e Simão, o leproso (cf. Comentário Esperança, Mateus, sobre Mt 26.6-13).
Jesus, que de forma terrível é chamado de glutão e beberrão de vinho (v. 34), aceita o convite do fariseu (Lc 7.36; 11.37; 14.1) e do coletor de impostos (Lc 5.29) para banquetes festivos. Tem um afeto especial por publicanos e pecadores, motivo de irritação para os fariseus (Lc 5.30; 7.34; 15.1s; 19.1-10). Segundo o juízo do Senhor, os fariseus se encontravam sob uma luz mais desfavorável (Lc 7.29-35; 18.9-14), ao contrário daqueles desprezados. Os v. 29s de Lc 7 escancaram o profundo contraste entre os fariseus e João Batista. Dizem eles: “Todo o povo que o ouviu e até os publicanos deram razão a Deus e se deixaram batizar com o batismo de João. Mas os fariseus e os intérpretes da lei rejeitaram, quanto a si mesmos, o desígnio de Deus, de modo que não se deixaram batizar por ele!” – Como soam arrasadoras essas palavras do Senhor! Quanto poder possui, pois, o ser humano mortal, pecador e impotente! Ele é capaz de rejeitar o eterno desígnio salvador de Deus todo-poderoso e todo-misericordioso. Para “rejeitar”, o grego usa athetéo, i. é, eliminar, tornar ineficaz.
converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.
Lc 7.47 (ARA) Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquela a quem pouco se perdoa, pouco ama.
ela.
#Lc 7.43; Mt 10.37; Jo 21.15-17; 2Co 5.14; Gl 5.6; Ef 6.24; Fp 1.9; 1Jo 3.18; 1Jo 4.19; 5.3
e os seus,
#Lc 7.42; 5.20,21 Êx 34.6,7
muitos pecados,
Is 1.18; 55.7; Ez 16.63; 36.29-32;
Com base na parábola, não são as muitas ações, mas unicamente o perdão da dívida que motiva o amor do devedor.
Lc 7.47 – Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.
Simão, que na fria recepção não concedeu ao Senhor, seu convidado, nem água para lavar os pés nem beijo de boas-vindas nem óleo perfumado para a cabeça, como era costume e regra de boa educação segundo as normas orientais, é remetido expressamente à pecadora agraciada. A pergunta: “Simão, vês esta mulher?” permite depreender que o fariseu nem a considerou digna de um olhar. A agraciada molhava os pés do Senhor com suas lágrimas, secava os pés de seu Salvador.
A razão da gratidão da grande pecadora é formulada por meio das palavras: “Por isso te digo, perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou.”
Essas palavras do Senhor sofreram toda sorte de interpretação. É possível interpretar a parábola equivocadamente em dois sentidos.
O primeiro mal-entendido consiste no seguinte: afirma-se que a pecadora teria alcançado o perdão dos pecados pelo fato de que fez muito, ou seja, molhou (com lágrimas), enxugou, beijou e ungiu os pés – tudo isso é arrolado e elogiado por Jesus. Seus muitos pecados somente lhe teriam sido perdoados porque “muito amou”, segundo as palavras do texto.
Esse equívoco, porém, contradiz o conteúdo da parábola dos dois devedores incapazes de quitar o débito. Com base na parábola, não são as muitas ações, mas unicamente o perdão da dívida que motiva o amor do devedor. A seqüência ordenada por Deus (primeiro o perdão dos pecados e depois o amor agradecido do pecador) seria totalmente invertida se o amor do pecador carregado de culpa tivesse motivado o grande Deus a perdoar os pecados. A frase final “a quem pouco se perdoa, pouco ama” refuta essa conclusão. Nesse caso o texto deveria ser “A quem ama pouco, pouco é perdoado.”
Um breve resumo em outras palavras: assim como o devedor recebe primeiro a anulação da dívida para então ter amor agradecido – assim Deus primeiro perdoa os pecados e redime pelo seu sangue, para que somente depois surja a nova vida em amor agradecido ao Senhor, que se revela em obras da fé.
O segundo mal-entendido da parábola dos dois devedores é o seguinte: “Para poder amar muito, é preciso primeiro enredar-se profundamente na culpa, é preciso primeiro ter cometido graves pecados.”
Resposta: o tamanho de nosso amor a Deus não se baseia no tamanho do pecado (porque perante Deus o maior e o menor pecados recebem o mesmo rótulo e a mesma condenação), e sim na profundidade e autenticidade de nosso arrependimento, na profundidade e autenticidade da conscientização a respeito da catástrofe da queda no pecado. O fariseu dificilmente tinha consciência de sua culpa. Para que necessitaria ele de um Redentor dos pecadores? Ele acredita que tem poucos pecados, razão pela qual precisa de pouco perdão e não ama ao Senhor. Tinha orgulho de seu rigor legalista, defendia sua autojustificação, na certeza de suas virtudes e boas obras.
Pelo fato de procurar a si mesmo, era incapaz de procurar a Deus, de entregar-se a Deus. Seu amor próprio representava a morte do amor a Deus e ao próximo. Ele era o verdadeiro pecador, o pior adúltero, porque desprezava de forma tão ignominiosa o maior de todos os amores.
Como é diferente a pecadora! Desabou diante do santo Jesus, arrasada pelo sentimento de sua culpa. Sua consciência havia obtido paz. Agora brotava em sua alma liberta, com força incontida, o irrestrito amor àquele que lhe havia retirado o fardo, que lhe havia perdoado a culpa de seus pecados. O tamanho de seu amor assinala o quanto lhe havia sido perdoado. Por saber como havia sido grande a culpa de seus pecados, ela havia experimentado um grande perdão de pecados, e por isso amava muito (cf. também D. Hilbert. Eins ist not, 1928, sobre a referida passagem).
Não é preciso que primeiramente caiamos em profundos pecados para termos necessidade de um grande perdão. Todos nós (até mesmo os melhores e mais devotos) temos diante de Deus uma dívida impagável, ou seja, todos nós, sem exceção, somos pecadores perdidos e condenados e carecemos todos de um grande perdão.